Instalado em um antigo galpão de 19 mil metros quadrados da Votorantim, o hub de inovação State está criando um centro para conectar startups de biotecnologia, grandes empresas, investidores e universidades.
Distante do que acontece lá fora, no Brasil, as startups de biotecnologia ainda têm um longo caminho a percorrer para atraírem fundos de venture capital e acessarem o mercado de capitais. Mas, em breve, as biotechs do País terão um novo endereço para se desenvolverem e ganharem visibilidade.
Instalado no bairro da Vila Leopoldina, em São Paulo, em um antigo galpão industrial de 19 mil metros quadrados do grupo Votorantim, o hub de inovação State, em parceria com a consultoria Emerge, está criando um centro de inovação que irá reunir startups do segmento, cientistas e grandes empresas.
Batizado de Kore Bio, o projeto ocupará, inicialmente, 200 metros quadrados, no formato de coworking, com cinco laboratórios, salas de trabalho e equipamentos de última geração. “Queremos criar um epicentro de inovação em biotecnologia no País”, diz Jorge Pacheco, fundador do State, em entrevista ao NeoFeed.
Em busca de R$ 10 milhões e de mantenedores para a iniciativa, o State já tem negociações avançadas com duas indústrias do setor alimentício, uma do setor químico, uma farmacêutica e uma companhia de equipamentos. A expectativa é de que o Kore Bio entre em operação no primeiro semestre de 2021.
O centro está sendo estruturado com a participação de 12 biotechs. A lista inclui nomes como BioBreyer, Medical Peptide, Torch Bio e YLive Biotecnologia. “Hoje, são poucos laboratórios de ponta no País e o acesso é muito burocrático”, diz Pacheco. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 90% dos laboratórios locais têm um investimento inferior a R$ 2 milhões.
“Além da falta de opções, há limitações no uso dos laboratórios”, afirma Douglas Veronez, cofundador da Tovem, startup que nasceu no doutorado de engenharia biomédica da Poli/USP, em 2018. “Hoje, a gente se vira como pode. Não temos acesso a uma infraestrutura dentro da dinâmica e da velocidade do mercado.”
Sob esse contexto, o Kore Bio, que será constituído como um Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), terá diversas aplicações. Entre elas, o desenvolvimento e a validação de vacinas e novos métodos diagnósticos, terapias avançadas, realizações de testes e de pesquisas em diversos ramos da biotecnologia. O State planeja ainda conteúdos, artigos e relatórios trimestrais sobre o Kore Bio e suas produções. “
Das universidades aos investidores
Em paralelo, o State criou o Where Science Happens, programa de seis meses que irá selecionar três empresas. Criadas, em sua maioria, nos corredores acadêmicos, essas startups passarão por um “banho de loja” de empreendedorismo e de negócios, com mentores de parceiros como Google e Atech, companhia do portfólio da Embraer, residente no State.
“Não levamos nossas patentes a mercado. Elas morrem nas gavetas das universidades, por falta de apoio e visão”, diz Pacheco. “A ideia é usar empreendedores digitais, que já estão em outro estágio, para ajudarem essas startups.”
Com início em agosto, o plano é ensinar o caminho das pedras em temas como criação de um MVP (Minimum Viable Product) e de modelos de negócios. Outra abordagem será a conexão com investidores. Um dos parceiros é a Grids Capital, fundo focado em startups científicas.
As duas iniciativas ganharam velocidade durante a Covid-19. Mas com as portas fechadas desde meados de março, o State priorizou inicialmente a oferta de descontos, em média, de 30%, para manter as empresas residentes no hub. Nenhum cliente cancelou contrato. Hoje, 50% dos 7 mil metros quadrados já em operação desde o início de 2020 estão ocupados.
Além de startups como o PicPay, o State abriga projetos como o La Fabrique, espaço de inovação compartilhado pelas empresas francesas Carrefour, BNP Paribas, Edenred e Ingenico.
“Nós não deixamos de fechar contratos em todos os meses da pandemia”, diz Pacheco. Um desses acordos envolveu o grupo Solví, que irá montar um hub no local como parte do lançamento de sua plataforma digital, batizada de Smart.
Entretanto, as notícias de que muitas empresas não voltariam aos seus escritórios passada a pandemia geraram dúvidas quanto à sobrevivência do modelo de coworking. “Não acho que teremos atitudes binárias”, afirma Pacheco. “Vai ser algo híbrido, e as pessoas vão valorizar as empresas que oferecerem essa flexibilidade.”
Sob essa ótica, o State criou mais um formato de comercialização. Com contratos que duram de 3 a 36 meses, o produto foi batizado de Hub Quarter. O plano é alugar espaços que possam ser usados pelos funcionários das empresas conforme as suas necessidades.
A partir de parcerias com grupos imobiliários como CBRE e Core, o State vêm identificando um número crescente de empresas que já saíram ou que estão deixando suas sedes. Seja para migrar para o home office ou para investir em espaços menores, incluindo o coworking.
“Nossa ideia é oferecer uma alternativa para reduzir custos”, diz ele, dando o exemplo de um grupo de comunicação que procurou o State em busca de um contrato que cobrisse seu quadro de 700 funcionários. O hub ofereceu a opção de 300 posições, que foi aceita pelo cliente.
“Esses profissionais não estarão no lugar ao mesmo tempo”, afirma Pacheco, que acrescenta: “Isso pode significar menos receita para o State, mas diversifica a nossa carteira. E está mais alinhado com o que esperamos que seja o novo normal.”
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