ativos ambientais

O mercado imobiliário têm investido cada vez mais em ativos ambientais que diferenciam e valorizam seus empreendimentos.

“Ter a oportunidade de planejar uma intervenção urbana em áreas dotadas de Áreas de Proteção (APA), apesar de desafiador, é um verdadeiro presente para nós”. A afirmação é de Irineu Guimarães, CEO da BLD Urbanismo, braço da BLD Desenvolvimento, que vem criando bairros planejados na região Nordeste do Brasil. E não se trata de eufemismo. Esse pensamento encontra eco entre os desenvolvedores urbanos pautados por conceitos e práticas sustentáveis, conscientes da importância de preservar o meio ambiente para proporcionar uma melhor qualidade de vida nas comunidades que planejam.

Um estudo publicado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC), por exemplo, a respeito dos parques da cidade mostrou que a variação de temperatura interna pode chegar a 5% com relação ao ambiente externo. A análise concluiu também que esse equipamento urbano proporciona uma melhoria notável na umidade e qualidade do ar, principalmente naqueles que possuem lagos, e que esses benefícios são sentidos no entorno das áreas. A gestora ambiental e coordenadora de Sistema de Gestão Integrado do Grupo Toctao, Cinthia Martins, explica que as áreas verdes em perímetros urbanos são de grande importância para garantir a qualidade de vida das pessoas que habitam as cidades. As árvores, os lagos e os parques contribuem para aumentar a captura de carbono, diminuir a temperatura das microrregiões e contribui com a manutenção da umidade do ar. “Além disso, garantem a permeabilidade do solo auxiliando na manutenção do nível de água no lençol freático e assim na preservação dos nossos cursos hídricos”, ressalta Cinthia.

É por todas essas constatações que o Grupo Toctao está tratando como um importante diferencial as AAPs existentes na área onde está implantando, em Goiânia, o Plateau D’or, condomínio horizontal de alto padrão que totaliza 1,6 milhão de metros quadrados e deverá criar uma nova centralidade na antiga Fazenda Gameleira, com um polo de negócios, lazer, educação e bem-estar. As APPs presentes totalizam 521.352,43 metros quadrados e são compostas de duas áreas de mata e pelas APPs ao longo dos cursos de água que margeiam o empreendimento. Além da preservação das APPs, o projeto do “eco-bairro” também prevê a recuperação de cerca de sete hectares às margens dos córregos Buriti e Gameleira bem como do Rio Meia Ponte, adicionando quase meio metro quadrado de área verde por habitante na capital. O projeto urbanístico do empreendimento, elaborado sob os conceitos de walkability e placemaking, é assinado pelo escritório inglês de arquitetura Broadway Malyan, referência internacional em projetos sustentáveis.

De acordo com Geraldo Magela da Silva, sócio-diretor do Grupo Toctao, serão investidos cerca de R$ 100 milhões em infraestrutura para desenvolvimento da área, envolvendo obras de rede de água e esgoto na área interna e conexões externas; rede de energia elétrica e iluminação, com fiação interna subterrânea e produção de energia solar nas áreas comuns; pavimentação das vias internas e dos acessos externos.

Sustentabilidade = ambiental + social + econômico

Para Irineu Guimarães, o setor imobiliário e, principalmente, os planejadores e desenvolvedores urbanos, são protagonistas do desenvolvimento sustentável das cidades. “Ser sustentável é, sobretudo, saber conjugar a consciência e o respeito ambiental com o desenvolvimento econômico e as funções sociais tão necessárias à vida humana”, enfatiza, acrescentando a importância da associação com o Bom Urbanismo – conjugação entre premissas do Novo Urbanismo e do Urbanismo Inteligente – e Inovação, na aplicação e uso de materiais e novas funcionalidades.

Esse também é o pensamento de Rafael Roriz, diretor de desenvolvimento imobiliário do Grupo Toctao. “Sem dúvida o setor imobiliário tem grande importância para o desenvolvimento sustentável das comunidades, dos bairros e das cidades. Bons projetos melhoram a qualidade de vida das pessoas, especialmente quando ele é projetado pensando nas rotinas das pessoas, priorizando o pedestre, valorizando o contato com a natureza e o convívio das famílias”, reforça o executivo.

Uma das premissas é ir além, considerando que as APPS são identificadas a partir de planos e estudos previamente fornecidos por órgãos reguladores e licenciadores, destaca Irineu Guimarães. “Porém, quando buscamos urbanistas e consultorias ambientais responsáveis pelo desenvolvimento do projeto, orientamos muito mais que a preservação integral das APPs. Buscamos integrar e catalisar os potenciais visuais e ambientais do local, abrindo janelas, como verdadeiros ‘pulmões’, o que faz com que cada projeto se torne único e exclusivo, difícil de ser replicado”, explica, referindo-se aos projetos da BLD Desenvolvimento.

Um dos exemplos é o futuro loteamento que deve ser desenvolvido pela BLD em área de mais de 500 mil metros quadrados dentro da APA da Sabiaguaba, no bairro Edson Queiroz, em Fortaleza (CE), na Zona de Interesse Ambiental (ZIA), de acordo com o Plano Diretor da capital cearense. Desse total, 33% da área será intocada.  Tanto a APA quanto a ZIA permitem o desenvolvimento de projetos de loteamentos residenciais, desde que respeitadas suas diretrizes. O objetivo da companhia é que o empreendimento contribua com o desenvolvimento ordenado e planejado da região, que há muito tempo vem sofrendo com ocupações irregulares e carece de importantes serviços públicos.

Com a aprovação do loteamento, cujo projeto está em fase inicial de licenciamento, uma área de 20.759 metros quadrados será doada para o poder público, que poderá construir equipamentos de uso comunitário, como uma área de lazer, um posto de saúde ou uma escola ambiental. A Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) e os sistemas de drenagem do loteamento serão projetados com capacidade ampliada para atender a comunidade local, contribuindo para o enfrentamento de um grave problema existente: a falta de saneamento. Dessa forma, o projeto deverá contar com parceria com o poder público para a realização das ligações nas redes.

No ano passado, o projeto foi apresentado e aprovado, por ampla maioria, em reunião do Conselho Gestor das Unidades de Conservação da Sabiaguaba, composto por diversos órgãos representativos da sociedade civil. A anuência preliminar permite que o órgão licenciador, a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza (SEUMA), dê continuidade ao processo passando para a fase da elaboração dos estudos técnicos para uma ampla e criteriosa análise da proposta, que, oportunamente, será debatida com toda a sociedade, inclusive por meio de audiência pública.

 

Moradores como guardiões

O objetivo do empreendedor é identificar a “relação perfeita” entre o ambiente natural e o ambiente construído, melhorando a qualidade ambiental do local e a qualidade de vida das pessoas. “Acreditamos que os futuros moradores e usuários, legitimados através de uma Associação de Moradores, se tornarão os verdadeiros guardiões dessas áreas preservadas, ampliando a consciência e proteção ambiental e garantindo a valorização constante dos empreendimentos e do entorno imediato”, considera Irineu Guimarães.

No projeto do empreendimento planejado para a APA de Sabiaguaba, a Associação de Moradores terá, entre suas finalidades, observar a implantação de práticas sustentáveis durante a fase de operação. Além disso, o projeto contará também com a promoção do desenvolvimento comunitário, visando a integração com o meio ambiente e a melhoria da qualidade de vida da comunidade local, mantendo e incrementando a vegetação existente, promovendo a manutenção ambiental e preservação das áreas verdes e áreas de conservação integral, inclusive delimitando fisicamente o ambiental natural do ambiente urbano.

A BLD propõe ainda que, por intermédio da Associação e pelo seu regulamento de construção, sejam observadas as melhores práticas de construções e projetos ecologicamente sustentáveis. Para tanto, será considerado requisito necessário quando da aprovação das casas a aplicação do “Fator Verde” – programa de certificação para construções, parcelamento e atividades sustentáveis da Prefeitura de Fortaleza.  A certificação ambiental municipal foi lançada em janeiro de 2017 com o objetivo de incentivar construções e empreendimentos que optem por executar projetos e desenvolver ações ambientais destinadas à redução do impacto socioambiental e, consequente, à melhoria da qualidade de vida urbana e do meio ambiente. A adesão é opcional.

O Fator Verde é aplicável aos projetos de novas construções e grandes reformas, sejam de uso residencial, comercial, misto ou institucional, no setor público ou privado, a certificação é concedida em quatro níveis – bronze, prata, ouro e diamante – conforme o atendimento a 45 critérios, sendo 12 obrigatórios e 33 opcionais, distribuídos em seis fatores: Cidade Sustentável; Hídrico; Ambiente Saudável; Energético; Materiais e Resíduos; e Social. Entre os aspectos analisados estão o acesso ao transporte público, a incorporação de gentilezas urbanas, o aproveitamento da iluminação natural e a captação de águas pluviais.

Irineu Guimarães acredita que a “maioria esmagadora” dos empreendedores de sucesso observam de forma criteriosa as leis e regras na fase de planejamento dos projetos. “E busca a viabilidade dos projetos com base nas premissas citadas anteriormente. Mesmo porque, diante da complexidade de tantas questões mercadológicas, nenhum deles arriscaria iniciar uma jornada empreendedora sem buscar mitigar os riscos e inseguranças jurídicas existentes”, pontua.

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