Conheça as boas práticas do Cidade das Águas, em Joinville

O novo bairro planejado de Joinville, Cidade das Águas, desenvolvido pela CRH Indústria e Empreendimentos, tem como inspiração as boas práticas desenvolvidas na cidade criativa Pedra Branca.

O empresário e empreendedor Valério Gomes é o grande nome por trás do case de sucesso. A ideia de construir um bairro planejado surgiu em 2000. Buscando boas referências para o projeto, Valério teve seu primeiro contato com os princípios do bom urbanismo.

O livro “Place Making”, do autor Charles Bohl, foi o ponto de partida nesta jornada – que levou Valério ao estado de Atlanta, nos Estados Unidos, buscando mais conhecimento. A palestra do arquiteto Andrés Duany foi fundamental para as descobertas do brasileiro, que, de volta à terra natal, transformou uma fazenda familiar de 250 hectares localizada a 15km de Florianópolis em uma referência nacional em arquitetura e urbanismo.

O objetivo do Novo Urbanismo é desenvolver conjuntos de residências que rompam com o padrão de condomínios fechados, um amontoado de prédios, sem acesso a estruturas fundamentais para uma vida tranquila, e principalmente, sem troca entre os moradores.

“Aqueles condomínios fechados, as gated communitys, onde tem 2 mil casas, sem esquinas, padarias, por exemplo. As pessoas não se encontram. O condomínio fechado segrega, em todos os sentidos”, comenta Valério.

Neste novo modelo, a melhor forma das cidades funcionarem é a pé. Tudo deve estar ao alcance de uma caminhada: trabalho, lazer, comércio, estudos. O Novo Urbanismo entrega cidades completas, compactas, complexas e conectadas.

A nova prática pode mudar a forma que residências são construídas, otimizando espaços e o convívio social. A forma tradicional de residências unifamiliares horizontais já não é mais uma opção viável para a população do planeta. Somente para abrigar a população da China neste modelo, seria preciso ocupar a área de cinco planetas Terra.

Para Valério, com adaptação e flexibilização, o Novo Urbanismo é perfeitamente aplicável no Brasil. Como boas fontes de estudo, o arquiteto cita a Associação para o Desenvolvimento Imobiliário (Adit). E o Complan (Comunidades Planejadas), evento anual que reúne profissionais que trabalham com condomínios e bairros planejados.

Valério comenta que é necessário respeitar a existência de uma fatia do segmento de mercado que queira casas tradicionais, mas trabalhar para divulgar que, apesar da descrença do senso comum, o modelo de habitação mais sustentável são os apartamentos.

O apartamento é hoje a maneira mais sustentável de morar. Muitos acham que uma cidade com muitos prédios não é sustentável, mas é justamente o contrário. As cidades mais sustentáveis do planeta são as mais densas, como Nova York e Hong Kong. As pessoas circulam naqueles dez quarteirões e têm a sua vida toda ali”, explica.

Transformando os tradicionais condomínios em bairros com uso misto, onde seja possível trabalhar, estudar, ter acesso a opções de lazer e comércio, muitos prédios focados apenas em escritório serão desocupados, podendo ser convertidos em apartamentos residenciais. Valério comenta que esta alteração também impacta aqueles que acabaram sendo “empurrados” para os morros.

“As prefeituras devem incentivar a revitalização dos prédios. As residências foram para as periferias, elas têm que voltar para o centro”, conta.

Outro ponto de destaque no Novo Urbanismo é a preocupação em criar ambientes convidativos, que estimulem a interação entre pessoas. Para conhecer mais sobre este conceito, Valério recomenda “Cidade para as Pessoas”, livro de Ian Gehl.

“Ele fala sobre a cidade para as pessoas ser a cidade convidativa, por meio da sua trama urbana, da sua calçada boa, larga e plana, propícia para o salto alto da mulher, para o carrinho do neném e para quem tem deficiência física”, fala.

Essas gentilezas urbanas serão aplicadas no Cidade das Águas, espaço democratico, com fachada ativa, espaço sem muros, onde todos são bem vindos. Na construção, seguindo os princípios do novo urbanismo, o pavimento térreo ganha um cuidado especial.

“O Gehl fala muito sobre a importância do pavimento térreo, da escala humana, do nível das pessoas. É nesse nível que você tem que ter ombrelones, guarda sol, árvore para sombrear, uma marquise para proteger o excesso de chuva e do excesso de vento.”

Mas, Valério ressalta que a ausência de muros não significa fragilidade na segurança do bairro. A fachada ativa proporcionada pelos apartamentos térreos, inclusive, proporciona uma sensação maior de segurança para os moradores – principalmente para os que transitam à noite.

“Com os apartamentos no nível térreo, imagine que você poderá passar na frente de apartamentos, alguns estarão acesos. Em outros, a porta vai estar aberta. A segurança é conseguida pelas fachadas ativas. Muros não acrescentam nada de humanidade.”

Valério acredita que, assim como aconteceu com a cidade criativa Pedra Branca, o Cidade das Águas trará benefícios para todo o município de Joinville. A distribuição do bairro e a qualidade da praça podem servir como inspiração para outros bairros, como já aconteceu em Florianópolis.

“A gente recebe muitos prefeitos visitando Pedra Branca e as pessoas saem de lá convictos de que, na verdade, é simples. É fazer calçadas largas e planas, com piso adequado. O banco tem que ser confortável, a lixeira tem que ser boa. Às vezes é um detalhe de como o projeto é concebido considerando variáveis como o vento e o sol. São essas coisas que fazem a diferença”, explica.

Para o arquiteto, o ponto é simples antropológicoé preciso construir espaços públicos de qualidade. A grande diferença do bom urbanismo é ter espaços onde você goste de caminhar.

O famoso arquiteto Jaime Lerner concorda: dizia que o Novo Urbanismo não tem nada de novo. Ele é o velho e bom urbanismo. É fazer uma arquitetura de uma cidade pensada para as pessoas se encontrarem.

No projeto do Cidade das Águas, Valério atua como conselheiro e orientador dos grandes protagonistas: Danilo Conti, o Marcelo Gomes e o Felipe Hansen, nomes que irão liderar e construir esse bairro. Valério também atua como conselheiro do grupo Pedra Branca, e do grupo Tigre. O arquiteto está confiante no trabalho do time.

“Estamos com um grupo excelente. Os arquitetos de Joinville, que foram convidados neste primeiro momento, abraçaram o projeto, e muitos outros virão, teremos uma infinidade de profissionais excepcionais envolvidos”, fala Valério.

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