Agora numa grande empresa, a arquiteta e urbanista Águeda Muniz conserva os aprendizados de articulação, eficiência, determinação e disciplina do serviço público. As experiências na gestão municipal, carreira acadêmica e consultoria são trazidas ao mercado imobiliário junto à paixão pelo desenvolvimento urbano com responsabilidade social e ambiental

Fazer cidade e entender os atores do ambiente urbano tem sido a experiência de Águeda Muniz nos últimos anos. Após duas gestões à frente da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma), ela retornou à iniciativa privada e agora completa um ano como diretora executiva na C. Rolim Engenharia. 

A menor velocidade para executar projetos e executar ideias no setor público pode ser justificada pela maior escala. No caso de Fortaleza, o impacto da gestão é sobre 2,7 milhões de pessoas. “Lidamos com o dinheiro dessas pessoas e temos que administrá-lo – lembro que o orçamento de Fortaleza em 2020 era quase R$ 9 bilhões de reais –; os movimentos e resultados são mais lentos”, compara Águeda. 

Ela celebra as conquistas da Prefeitura de Fortaleza, durante a gestão Roberto Cláudio (PDT), entre 2013 e 2020. Hoje parte de uma grande empresa, a arquiteta e urbanista conserva os aprendizados de articulação, eficiência, determinação e disciplina. As experiências na gestão pública, carreira acadêmica e consultoria são trazidas ao mercado imobiliário junto à paixão pelo desenvolvimento urbano com responsabilidade social e ambiental. 

Recém-ingressa no Movimento Somos Cidades, grupo de desenvolvedores urbanos com foco no cidadão e na cidade, Águeda conta que o objetivo do grupo está ainda no estímulo à sociedade para a proatividade, propositividade e positividade, “no sentido de identificar as melhores oportunidades de empreendimentos, de divulgar a inovação, divulgar produtos que vão fazer a diferença nas nossas empresas e nas nossas cidades”.

O Otimista – Quais suas expectativas de resultados junto ao movimento Somos Cidade, que propõe inovação e educação urbanística?

O Somos Cidade é um movimento de um grupo de desenvolvedores do mercado imobiliário que buscam para além de seus produtos, estudar, buscar conceitos que agreguem valor e impactem positivamente a vida nas cidades e a vida das pessoas. Os empreendimentos sempre trazem inovações urbanas que promovem sustentabilidade, novas tecnologias, onde o cidadão é o foco deste desenvolvimento. O movimento é liderado pelo Felipe Cavalcante, uma das principais lideranças dos setores imobiliário e turístico do Brasil e reúne os principais sponsors da atividade imobiliária no Brasil referente a bairros/cidades planejados como Votorantim, Sobloco, Cidade Pedra Branca. Do Ceará, a BLD Urbanismo e a Conviver Urbanismo são empresas que participam do Somos Cidade, desde o início. Importante ressaltar que para além de sponsors, os gestores das empresas que participam do Somos Cidade entendem de cidade e se cercam dos melhores profissionais para projetar seus empreendimentos. Então nossa expectativa é de sempre estar aprendendo com essas lideranças empresariais, bem como levar nossos 20 anos de experiência no setor público – como secretária de urbanismo e meio ambiente de Fortaleza; na iniciativa privada – como CEO da C. Rolim Engenharia; e na academia – como Coordenadora do Curso de Arquitetura e Urbanismo e Professora do Mestrado em Direito do Centro Universitário 7 de Setembro (Uni7); buscando para nossas cidades a possibilidade de fazer com que a sociedade seja proativa, propositiva, positiva no sentido de identificar as melhores oportunidades de empreendimentos, de divulgar a inovação, divulgar produtos que vão fazer a diferença nas nossas empresas e nas nossas cidades.

Nossa motivação em fazer parte do Somos Cidade foi o interesse de estar em um grupo de desenvolvedores urbanos do mercado imobiliário, que preza por todos os princípios do bom urbanismo, pela ética, pela sustentabilidade, pela responsabilidade social, pela responsabilidade de estar propondo ou oportunizando para a cidade um bom produto e para desmitificar que o mercado imobiliário é vilão.

O Otimista – Quais elementos compõem uma cidade mais atrativa e boa para se viver?

A cidade vem de longe e é nosso futuro. Essa afirmação pode ser interpretada por meio das transformações ocorridas na cidade ao longo dos tempos. Essas transformações, na contemporaneidade, a partir de fenômenos como a urbanização, a revolução tecnológica e as transformações políticas, tornaram as cidades conectadas a partir de uma rede mundial – de trabalho, serviços e relacionamentos; e, modificaram o modo de produzir, consumir, administrar, informar e pensar. Qualquer que seja a cidade ela é um mix de desejos das pessoas.

Esse mix provoca desejos e contempla necessidade de ar livre e diversão, acesso fácil a comércio, serviços, trabalho perto de casa ou em casa, moradia de qualidade. Não precisamos de parâmetros urbanísticos, nem de zoneamento, precisamos de uma cidade boa para se viver. O excesso de regras massacra o cidadão. O que aconteceu em Petrópolis, recentemente, não é falta de planejamento urbano. É excesso de regras, onde as pessoas que mais precisam não conseguem se adequar às “esquizofrênicas” exigências legais a que estamos submetidos. Não podemos exigir que o cidadão pratique a cidadania se a cidade não o abraça, não o acolhe.

O Otimista – Em comparação de gestão no Setor Público e Setor Privado, quais as semelhanças, diferenças e desafios?

As principais diferenças talvez estejam no número de clientes, no orçamento disponível, no retorno dos resultados. No setor público tudo é em maior escala, no caso de Fortaleza, o impacto direto da gestão é sobre 2,7 milhões de pessoas; lidamos com o dinheiro dessas pessoas e temos que administrá-lo – lembro que o orçamento de Fortaleza em 2020 era quase R$ 9 bilhões de reais; os movimentos e resultados são mais lentos. Acredito que seja mais difícil fazer acontecer na administração pública.

A semelhança é que você tem que fazer o seu melhor sempre. E que não há boa gestão sem disciplina. E o principal: a boa gestão tem que envolver as pessoas, todas as pessoas. No caso do setor público: os segmentos produtivos, o cidadão. Na iniciativa privada, e no caso da construção civil: fornecedores, clientes, colaboradores e a sociedade. Ou seja, talvez existam mais semelhanças que diferenças entre o processo de gestão de uma organização do setor público e de uma organização da iniciativa privada, já que precisamos de estratégia, gestão e governança e foco nas pessoas.

O Otimista – Como se sente ocupando um alto cargo na Construção Civil, um setor predominantemente ocupado por homens e como percebe a ocupação feminina em cargos de liderança no Brasil, atualmente?

Independente da questão de gênero, o principal papel de uma liderança em uma empresa/setor é integrar os desejos dos sócios, dos colaboradores, dos fornecedores, dos clientes e da sociedade em geral, gerando bons resultados para todos. Sociedade em geral, porque hoje é premissa contemplar esse universo. Está nas boas práticas de governança corporativa, vide as práticas de ESG, mas principalmente deve estar no propósito das empresas.

A questão de você saber lidar com as pessoas, conhecer os anseios, as necessidades, as demandas e o que elas podem oferecer no trabalho, no dia a dia, é ser o verdadeiro líder. É conhecer a sua gente, para que o resultado da empresa seja bom. E esse resultado não é só financeiro. É também o resultado social e emocional para todos que a fazem. O segmento da construção civil vem cada vez mais integrando mulheres no dia a dia dos canteiros de obras. Na C.ROLIM Engenharia já somos maioria no escritório e a força da mulher nos canteiros de obra vem sendo cada vez mais presente.

Quanto à participação feminina nos cargos de liderança nas empresas brasileiras acredito já ser uma tendência crescente, essa igualdade entre homens e mulheres em cargos de liderança. Já conseguimos ver muitas mulheres ocupando esses espaços como CEOs, conselheiras, presidentes de empresas/conselhos. Acho que é uma questão de tempo.

Mas quero também lembrar daquelas mulheres que não fazem parte do mercado de trabalho formal, mas são promotoras do desenvolvimento econômico local, dos bairros, das pequenas comunidades etc. A participação feminina é gigantesca no âmbito das cidades, na movimentação da economia local, na economia dos bairros. Neles, você sempre vai encontrar milhares de mulheres empreendedoras. Eu acho que os países em desenvolvimento, são o locus do empreendedorismo feminino, principalmente o Brasil.

O Otimista – Quais ideias e aprendizados traz da experiência à frente da Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente para a C.Rolim Engenharia?

Sem dúvida nenhuma, o foco nas pessoas. No setor público, você tem que olhar ao seu redor e sentir que você trabalha para milhões de pessoas e que, se você não gera bons resultados, você está impedindo o crescimento daquela pessoa, daquele cidadão. E não é fácil! É uma simbiose: gerar bons resultados para termos pessoas e termos pessoas para gerar bons resultados.

Gerar bons resultados é imprescindível, mas para isso precisamos cuidar dos nossos clientes, dos nossos fornecedores e dos nossos colaboradores. Nossos clientes precisam reconhecer o cuidado que temos com nossos empreendimentos – nossa credibilidade. Isso se faz com boa técnica, com qualidade. Essa qualidade envolve também bons produtos e, para isso, trabalhamos com os melhores fornecedores, de projetistas, prestadores de serviços e materiais. Nossa diretoria de Gente e Impacto está iniciando um processo envolvimento de nossos fornecedores com nossas práticas de ESG. E precisamos de um time tecnicamente preparado, empolgado, apaixonado pelo que faz. Nossos colaboradores merecem especial atenção. Estamos construindo nosso plano de cargos, salários e carreiras. O desafio é imenso. Cuidar das pessoas está diretamente ligado ao nosso propósito de construir edificações, edificando vidas.

O Otimista – Que destaques pode mencionar do primeiro ano como diretora executiva da C.Rolim Engenharia? Quais os desafios e projetos futuros na empresa?

A C.ROLIM Engenharia é uma empresa sólida, tradicional, que prima pela inovação e têm suas bases fundadas no tripé da credibilidade, sustentabilidade e qualidade, sempre com o propósito de construir edificações edificando vidas. O ano de 2021 foi de reestruturação. Com a pandemia e toda a evolução do mundo corporativo, os sócios da C.ROLIM Engenharia decidiram pela contratação de uma CEO para promover uma gestão profissionalizada, estruturar um Conselho Consultivo, onde temos Pio Rodrigues Neto como presidente e os sócios da empresa passaram a ser conselheiros. Houve uma reestruturação organizacional na empresa. Ao optar pela gestão profissionalizada, a C.ROLIM Engenharia que é uma empresa familiar, parte de um grupo empresarial quase centenário, onde tradição e inovação caminham juntas se reestrutura e se renova para os próximos anos.

Atualmente, nós estamos trabalhando nas obras de dois empreendimentos de alto padrão. Um é o Sinfonia, situado no Cocó. São apartamentos de 220m², num prédio altamente bem localizado, e equipado com tudo que o alto padrão hoje proporciona, com rooftop, academia, piscina, salão gourmet e toda a sofisticação que o alto padrão exige. Temos também o Estrelário, localizado no Meirelles. São apartamentos de 200m². Será um dos prédios mais bonitos da cidade, quiçá o mais bonito. É um projeto que traz um conceito arquitetônico bem diferente do que já se tem na cidade hoje. É um produto também com rooftop, que traz uma piscina de vidro no seu último andar. Ele também tem duas características especiais que agregam valor ao empreendimento: a sustentabilidade, como por exemplo, a inserção da energia solar para abastecer parte do empreendimento; e o impacto social, já que parte das vendas desse empreendimento vai para a Edisca, que é uma instituição respeitadíssima e de muito valor em Fortaleza, que trouxe e traz dignidade a várias famílias cearenses. Então, eu diria que o Estrelário é o luxo do luxo, porque é alto padrão, e também porque traz o luxo no sentido de contribuir para melhoria da vida das pessoas no que se refere à sustentabilidade e à dignidade das pessoas. Um exemplo prático de ESG.

Ainda em 2021, elaboramos nosso planejamento estratégico para os próximos cinco anos (2022-2026), e estamos estruturando a Governança Corporativa. Nosso maior desafio é continuar e ampliar a credibilidade que nosso cliente tem em morar em um empreendimento C.ROLIM; assim como continuar e ampliar nosso potencial referente às novas tecnologias e sustentabilidade ambiental. Temos também um outro desafio que é iniciar a implementação do Impacto Social em nosso core business. Nossa diretoria de Gente e Impacto, sob a gestão da nossa diretora e sócia Ticiana Rolim, em conjunto com a Diretoria Técnica, sob a gestão do nosso diretor Alexandre Mourão, estão desenvolvendo o Laboratório de Futuros, que está dentro da nossa nova estrutura organizacional e que irá trabalhar em questões relacionadas a novas tecnologias aliadas à sustentabilidade e ao impacto social, especialmente para a habitação social, inclusive em parceria com startups e construtechs. O Lab de Futuros é nosso principal projeto estratégico.

Ainda para 2022, estamos programando dois lançamentos. Lançaremos o Flora. Localizado a 50 metros do Parque do Cocó, o Flora promete inaugurar um novo conceito de lar, com extenso programa de conveniência, lazer e bem estar e todas as vantagens e experiências de um prédio de alto padrão. Dentre as áreas comuns, alguns dos destaques serão a piscina de raia semiolímpica, o Delivery Room, com elevador exclusivo para que os moradores possam receber suas compras com mais praticidade e conforto, e um espaço com o conceito “trabalhe em casa, mas fora de casa”. Ao todo, o Flora terá 50 unidades. Delas, 44 serão de 190m², divididas em dois por andar, e mais seis apartamentos de 290m², sendo um por andar. O outro lançamento será possivelmente, no segundo semestre de 2022, localizado no Meireles.

O Otimista – Quais os impactos da pandemia nesse processo? 

Para além das perdas e do grande desafio emocional, um desafio instigante está sendo entender os novos desejos do nosso cliente. O novo morar. O novo viver. Por isso, temos mais que nunca, focar nos desejos dos nossos clientes e ampliar a geração de valor da nossa marca, em algo que é muito do DNA da C.ROLIM Engenharia: a responsabilidade socioambiental.

O Otimista – Como a Construção Civil pode ser aliada do Urbanismo em uma grande metrópole como Fortaleza?

A Construção Civil já é aliada no fazer cidade. E em Fortaleza, o setor é parceiro da cidade, pois cada vez mais aproxima e integra seus produtos no contexto urbano. Há um preconceito de algumas partes, de que o mercado imobiliário age em desacordo com os princípios do bom urbanismo, quando, na verdade, o mercado imobiliário só tem a contribuir. Em Fortaleza nosso mercado é composto de pessoas que fazem um trabalho sério e comprometido com seus clientes e com nossa cidade. O poder público não faz cidade sozinho. Fazer cidade é compartilhar responsabilidades com a iniciativa privada e a sociedade. Além de sermos o segmento da indústria que mais emprega em nossa cidade.

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